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“SEGURAMENTE O CRESCIMENTO DE VINTE E DOIS SERÁ QUINZE POR CENTO MAIOR QUE A SEMANA DA CRIANÇA DE VINTE E UM”, AFIRMA SYNÉSIO BATISTA DA COSTA, DA ABRINQ.

O mandatário da Associação de Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos falou ao diretor de Redação da revista Brincar Eduardo Santos, em entrevista exclusiva, que o setor está confiante em crescimento de dois dígitos este ano.

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Synésio Batista da Costa é presidente da ABRINQ — Associação dos Fabricantes de Brinquedos.

©Estadão Conteúdo


REVISTA BRINCAR: Estamos na reta final de planos para o nosso setor de brinquedos, o que esperar desta temporada para o mercado de brinquedos?

REVISTA BRINCAR: Desde dois mil e vinte a gente tem tido uma performance muito razoável. Melhor ano da história do setor foi vinte as importações caíram quase cinquenta por cento e nós ocupamos os vinte e cinco por cento que era a de participação chinesa nessa nesta queda de cinquenta. Depois em dois mil e vinte tivemos uma performance de mais quatorze, mas as importações não continuaram crescendo. Agora há um arrefecimento para cima das importações, a gente ainda não fechou qual será o share da indústria nacional, mas seguramente não menos de oitenta por cento.

REVISTA BRINCAR: Tudo isso?

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): Só isso, para mim era noventa.

REVISTA BRINCAR: (risos)

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): Há importações bastante volumosas, dos três maiores players e do quarto maior player também. Mas a indústria nacional tem muita novidade, muita inovação e a gente teve muito mais próximo das lojas nesse período de dificuldade de suprimento por parte dos chineses. Os chineses estavam passando ainda aquela dificuldade da covid, que é muito grande. Hong Kong abriu essa semana, mas abriu com três dias que você não pode nem passar perto de um bar do boteco. Você só pode entrar no país e não vai mais ficar trancado em um quarto sete dias, nem quatorze, mas os negócios arrefeceram muito, não tem muita animação com Hong Kong que já não, que já desconfirmou a feira de janeiro, então a rota da feira de janeiro que era uma coisa muito relevante já está perdida. Depois tem Xangai que é agora em outubro, mas eles saíram de Xangai, foram pra Sichuan, uma dessas cidades enormes e a feira vai ser totalmente online. Ou seja, uma feira que vai ter quatrocentos expositores só. Só, porque eles tinham dois mil.

REVISTA BRINCAR: Sim, claro! As coisas lá são muito grandiosas.

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): É, mas vai ser online, conversei com o presidente da ‘ABRINQ da China’ essa noite e dizendo do desencanto, das tristezas, enfim, as questões políticas daquele país nesse momento são mais relevantes do que qualquer coisa. A inflação chegou, o decréscimo de do PIB chegou e tudo está muito esquisito. Vamos ver o que que vai ser feito. Aqui no brinquedo os americanos cancelaram a reunião, digo a feira de janeiro no Javitz, em Nova Iorque. Ela passou para outubro, trinta de outubro, um, dois e três de novembro. Não tem mais a feira de fevereiro em Nova Iorque, acabou. Me contaram isso ontem. Me informaram ontem que passaram para Dallas. A feira de Dallas aparentemente foi bastante grande.
Porque eles não têm a concentração de negócios que nós temos em Semana da Criança e Natal. Então eu preciso da feira em março para lançar e depois começar a produção em junho, final de julho para entregar em agosto e setembro. Então essa geopolítica nossa. A feira da nossa, Abrin, de dois mil e vinte e três está pronta, está lançada, está vendida, está completamente encerrada. E do mesmo tamanho, a gente não quer crescer. Não quero botar quinhentos expositores, porque aí nenhum comprador consegue fazer bons negócios, boas vendas. Enfim, o tamanho está bom, a indústria se recupera de verdade com esses três anos de números bons e para esse ano a gente não deve fechar o negócio de brinquedos com menos de onze por cento.

REVISTA BRINCAR: De crescimento?

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): De crescimento. Então a gente entregou pedidos e estamos entregando pedidos para as lojas que ‘draivam’ um crescimento de onze por cento. Sempre fica um pouquinho de estoque, sobra um pouco, mas no brinquedo não tem a tradição de ficar estoque de meses e meses e meses. Terminou a semana da criança, já é a hora de, de, de completar o que vendeu para o Natal e agora a gente não está parando nem para fazer reunião, tá certo? Porque definitivamente está todo mundo ocupado e correndo. Então é um pouco do cenário que a gente está vivendo hoje. É um pouco do cenário que a gente está vivendo. Não, não, come aí.

REVISTA BRINCAR: Agora falando do cenário macroeconômico e por consequência do político. O que esperar no processo de desoneração nas seguintes situações. Estamos há dois dias apenas das majoritárias no Brasil. Num eventual segundo mandato do governo Bolsonaro ou num novo mandato do ex-presidente Lula. O que esperar do processo de desoneração?

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): Em primeiro lugar não importa muito quem vai ganhar, pois a economia já é madura e o partido da ABRINQ, o partido é o brinquedo, que é o meu partido, que é o nosso partido.
Depois tem a desoneração. Temos a exoneração em debate tanto da folha de pagamentos, esse governo tem sido mais sensível que o eventual outro, ao alongamento do prazo de pagamentos também temos uma boa chance de acontecer, mas o que melhor que aconteceu é que temas que não prosperavam em governos anteriores, não importa o matiz do governo, começaram a prosperar com essa nova filosofia dos liberais. Então a gente está tem algumas boas perspectivas aí. Conseguimos passar o prazo de pagamento do Fundo de Garantia do dia três para o dia vinte e estamos trabalhando para centralizar todos os tributos federais no dia vinte e oito.
Se entrar a desoneração da folha, a gente termina com a CSLL e com IRPJ e passa tudo para um, um e meio por cento para compensar os dois.
Seria o maior avanço jamais havido na história dessa república.
Terminar, zerar tributação sobre mão de obra para a empresa pagar.
Quem tem que pagar a oneração da mão de obra, sem tirar nenhum direito de trabalhador, não trabalhamos com essa hipótese, nem comentamos isso, não aceitamos isso também. Quem tem que pagar isso é a sociedade, é uma sociedade que pague nas transações tributárias, tem perto de trinta milhões de CPFs brasileiros ricos, que não pagam um centavo de nada, só pagam só paga o mesmo que está na comida e na carne, nos bens que compram, mas nos cartões de crédito, nos boletos e tudo mais, não pagam nada. Esse modelo, é um modelo que não agrada ninguém e acho que é a hora de debater isso.
É possível debater isso com esse governo caso ele continue e é possível também na equipe econômica de um eventual novo Governo, novo modelo, também tem se manifestado comigo e conosco muito mais acessível a discutir, porque o debate anda ruim quando fala em ambiente de trabalhista, tem gente que fica querendo recriar, refazer, o ministério A, o ministério B.
Na boa, nós somos contra criar recriação do Ministério da Indústria, Ministério da Indústria sempre foi um lugar, um apenso... Nunca mandou nada, nunca teve o poder da caneta, era só um arranjo político para dar cargo para alguém com o que a gente não concorda, isso chega!
A mesma coisa o Ministério do Trabalho, por mais importante que seja, veja que a vida andou. Normalmente, enfim, a geração de empregos nós fechamos ontem, eu vi os números hoje de duzentos e oitenta mil novos empregos no mês de setembro, o que é incrível e mesmo no brinquedo tem algumas cidades que fabricam brinquedos, que a gente está faltando a mão de obra já há uns dois meses. Então a história do desemprego, a gente tem que ter muito cuidado quando lê isto, porque há que considerar que o Brasil tem uma perto de vinte e três milhões de pessoas entre dezessete e trinta e cinco anos, que já é o ‘nem, nem, nem’. Nem estuda, nem trabalho, nem está ‘afim’. Você não consegue convencer uma pessoa dessa a trabalhar, porque e ele tem o direito de não trabalhar se alguém paga as contas para ele.
Então acaba faltando gente em algum momento a gente vai ter que trazer venezuelanos, os bolivianos já estão aí aumentando. A mulher venezuelana é uma boa costureira, sabe? Tem coisas assim de características que a gente está enfrentando e parece que pode piorar. Por outro lado, a minha inquebrantável confiança é eu viverei para ver o fim de alguns tributos federais. Eu viverei para ver o fim da tributação sobre a mão de obra para empresa pagar. Eu acho que são dois avanços inacreditáveis que ajuda uma coisa que o Brasil mais precisa nesse momento que se chama reindustrialização.
O Brasil está desindustrializado, a gente por muito tempo ficou na mão dos cinco vencedores, que o BNDES entupiu de dinheiro, a gente não está discutindo política aqui, mas um país não pode chegar na mão de cinco vencedores. Os vencedores acabaram botando dinheiro no bolso e as empresas estão aí, se acabaram todas, mas eles não se acabaram. E a quantidade, os bilhões que devolveram ao Governo, de coisas equivocadas que foram feitas.
Não adiantou muito porque eles continuam bilionários, mas as empresas continuam tendo. Nós temos aí o exemplo, que eu posso mencionar da Braskem, que aumentou o plástico em cento e setenta e quatro por cento durante da pandemia até agora. E era um vencedor, entupido de dinheiro grátis do BNDES, onde é que está esse dinheiro? Para quem foi? E agora, ou foi ou vai ser ou está sendo vendida.

REVISTA BRINCAR: E o valor aumenta e nunca diminui.

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): Não. Não tem redução de preço para nada.
Enfim, acho que no ambiente de chips, vamos chamar assim, a gente teve um ou outro problema de desabastecimento, mas isso foi resolvido lá em vinte e um, isso está arrumado agora, alíquota de importação de brinquedo também foi arrumada, uma empresa tentou dar um tapa na cara da gente, eu devolvi o tapa na cara e cancelei a cancelamos a decisão anterior e acho que foi tudo um pouco na paz. Está pacificado. Uma o ambiente de lojas é crescente, a gente só escuta notícias de redes que querem botar mais uma, mais cinco, mais trinta lojas. Ri Happy falando em uma centena de novas lojas, ou seja, uma verdadeira ebulição de crescimento para distribuição no país. Então a gente tem de ter a competente aumento da fabricação.

REVISTA BRINCAR: O nosso próximo tema Sinésio é a respeito de educação. Tem alguns dados aqui, vou ler rapidamente para você, “A população de crianças no Brasil até doze anos é estimada pelo IBGE em trinta e cinco milhões e meio. Dezessete vírgula um por cento da população e um levantamento de dois mil e dezoito. A tendência dessa população é de estabilidade, quando ainda serão trinta e cinco milhões e de queda de dezoito vírgula sete em vinte e cinco, quando a projeção do IBGE aponta que o país terá vinte e oito vírgula cinco milhões de pequenos nessa faixa até doze anos.” A pergunta que eu faço é o seguinte, com relação ao brinquedo, até porque todo brinquedo, obviamente, é educativo, mas gostaria que você enfatizasse, qual a importância do brinquedo na educação?

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): Olha, é inegável, o brinquedo tem um papel explícito e fundamental para as professoras nas escolas, na primeira idade, essa coisa toda. É que o entendimento nosso é que brinquedo ele é tão útil quanto comida. E a meta da Abrinq é para esse próximo Governo é trabalhar para que o brinquedo seja incluído na lista dos bens de máxima necessidade, inclusive com desoneração total tributária, como já tem vários produtos no país. Por exemplo, os livros, você não tem tributação sobre livro?

REVISTA BRINCAR: Sim, claro, livro-brinquedo.

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): Não, o livro. Agora, o brinquedo é tributado, mas o brinquedo exerce o papel muito similar ao brinquedo do livro, a criança na primeira idade. Então, eu quero ser tratada igual.
O assunto começou a andar bem até que o Supremo Tribunal Federal resolveu virar a casa de leis e aí atrapalhou um pouco o andamento de outros assuntos, mas o tema está na pauta para transformar brinquedos em um produto de utilidade igual ao livro e toda tributação ser eliminada, que é um desejo nosso. Depois, o tema da educação passa... mas antes um pouquinho vamos falar de creche.
O Brasil só tem creche para vinte e cinco por cento de todas as crianças e tem setenta e cinco por cento de déficit de creche. Com esse nível de déficit de creche a criança ao não poder ir para creche, ao não ter creche para ela ir, elas já entram na escola regular lá os sete anos, seis anos, seja como for, ela já entra um pouco atrasada, porque as crianças que foram na creche conviveram com a professora, com a tia, conviveram com outras crianças, elas já tão muito mais...

REVISTA BRINCAR: Sociabilizadas.

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): Sociabilizadas, mas melhor que isso, alfabetizadas, quase. Então, já tem um desnível de setenta e cinco por cento das crianças ao entrarem na escola, regular, porque elas não frequentaram a creche. Eu acho que é um pouco mais relevante o tema da creche do que propriamente o tema da educação em si, porque a creche pressupõe o Ministro da Educação, muito mais antes do que o chamado seis, sete anos da escola regular.
A preocupação aqui é o brinquedo está nas duas fases ou na creche ou na escola, mas não há uma neurose da nossa parte, um chamado brinquedo educativo, a gente não gasta muita energia com isso não.
Ah! mas tem brinquedo de madeira com a letrinha, tem. A demanda é plenamente atendida, não tem falta de brinquedo com a letrinha ou, seja lá com o que for.
Essa coisa na até, na geração de novos brinquedos, na criação e mesmo na importação quando a gente olha, a demanda não é uma coisa que justifique, uma mudança de rota no brinquedo, porque quando o dia acaba a criança depois de estar estressadíssima com o ambiente da informática, do celular, seja do que for. O lugar que ela desopila é no brinquedo. Então, acho que a gente tem um bom caminho aí.
Em relação ao número de crianças que você menciona, o nosso número é cinquenta e cinco milhões de crianças, porque a gente avança um pouco mais na idade, a gente não perde o consumidor nessa idade de onze anos, a gente continua com ele um pouco mais. E depois, é verdade que se fala muito na redução da população, as projeções, cada um tem a sua própria projeção, inclusive o IBGE. O fato é que a gente tem, é que está nascendo de novo vinte e cinco mil crianças por dia. Ao mesmo nível da pré-pandemia, viu? A pandemia causou um dano enorme, a gente perdeu muito o consumidor nesse período, porque teve o mês da pandemia, no centro da pandemia, após nove meses, a gente estava falando de quatro mil crianças por dia, contra vinte e duas vinte e cinco.
E a gente não teve três anos de ‘baby booms’. ‘Baby booms’ são os três dias do carnaval onde nove meses depois a gente tem cinquenta mil crianças, sessenta mil crianças. Então eu não tive três ‘baby booms’, tive a redução da produção de crianças no Brasil, nove meses depois de março de vinte, até agora junho que começou uma recuperação. Essa coisa toda, dá para nós do mundo do brinquedo a obrigatoriedade de vender mais brinquedo por criança por ano.

REVISTA BRINCAR: Sim, isso é uma coisa importante.

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): Em dois mil e dez a família brasileira dava cinco, seis brinquedos por criança por ano a gente vai fechar dois mil e vinte e dois com onze brinquedo por criança por ano. Então na Inglaterra são trinta e oito brinquedos por ano, os americanos dão vinte e sete brinquedos por criança por ano a gente tem um longo percurso a fazer. No Brasil tem uma característica que há muito, que não tem nos outros países que é a cada um de nós que tem mais de trinta e cinco, quarenta anos é portador do que eu brinco chamando de o trauma do ‘não ter tido’. Eu não tive velocípede quando era menino e sonhava com ele, que quando eu pude eu comprei, está guardado comigo até hoje. Eu não posso mais andar nele porque não me cabe, mas como eu não tive as minhas filhas todas tiveram. Então cada um de nós adultos que tem filhos hoje ou que vai ter que prover ao seu filho tudo que não teve. E essa coisa do trauma do ‘não ter tido’ ajuda a vender ajuda a pessoa se mover para dentro da loja.

REVISTA BRINCAR: Além dos avós, não é?

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): Depois a gente tem hoje a figura do avô, especificamente, o avô está lá aposentado, aposentadoria, carnê, ninguém quer ele em casa, a mãe, e a avó, se ainda tem, fica ali falando, do ponto de vista da família, atrapalhando. E ninguém quer ele em casa, mas ele tem o que as crianças adoram: tempo e dinheiro. Então o avô é um grande cliente.
O divórcio é ‘providenciador’ de aumento de vendas. Não estou aqui defendendo o divórcio, aqui. Mas quando é família a gente tem um volume de brinquedos por criança, mas quando a gente te o divórcio ele dobra. Então são fatores que alguns setores não possuem, como elemento que o brinquedo tem e pode explorar. Mas o melhor de tudo é, de verdade, o brinquedo produz sonho, que é tudo que a gente precisa para viver.

REVISTA BRINCAR: Continuamos aqui a entrevista com o Synésio Batista agora falando da pauta das exportações. Os fabricantes brasileiros estão preparados para assumir o protagonismo no mundo global em substituição aos chineses?

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): É muita pretensão a gente pensar que em dois anos de melhora da performance nos classifica para isso e depois as fábricas chinesas são planetárias. O ambiente brasileiro sempre ficou muito restrito aqui ao Brasil e a América do Sul exatamente. Não é nossa pretensão ser um substituto do mundo chinês até porque ele é controlado muito mais por americanos e megaempresas chinesas que levaríamos muitos anos para isso. Mas uma coisa que pouca gente no mundo tem. Eu diria que as quatorze cidades da China, onde se fabricam brinquedo, Hong Kong, Paris, depois Nuremberg, depois Nova Iorque, algumas cidades do interior e o Brasil inteiro, nós somos os poucos lugares que restaram no mundo, que tem vocação para fazer brinquedo. O Brasil tem quatrocentos e cinco fábricas de brinquedo, coisa que pouca gente tem fora da China.
Nem no Vietnã tem quatrocentas fábricas como tem aqui. Há uma mutação enorme de fábricas do território chinês para o Vietnã, Indonésia, Malásia, Filipinas, porque o governo chinês deu uma boa hostilizada contra o ambiente de fabricação de brinquedos e outros produtos em geral. Não sei o que vai ser isso. Mas a gente não tem a pretensão de ser o substituto. Não acontece da noite para o dia. Então você não está na nossa pauta.

REVISTA BRINCAR: Mesmo não falando então em protagonismo, mas algum share de mercado nesse modo global, de ver as coisas, a gente sabe que o brinquedo brasileiro tem a criatividade, muito indispensável nesse tipo de negócio, atende já com primazia os parceiros aqui do Mercosul e alguns aqui do mesmo da América Latina e eu tenho informações que alguns players europeus têm procurado portfólios de fabricantes nacionais.
Vocês na Abrinq têm sentido esse movimento? Têm apoiado? Como que é?

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): Olha efetivamente muitos, muitos atores internacionais, europeus, americanos têm procurado o Brasil, muita conversa, muita visita, muita viagem, muita troca de portfólio, como você mencionou, porque vamos ver, no final do dia a criança que brinca com o brinquedo no Brasil é a mesma que brinca na Europa, nos Estados Unidos, no Japão e na própria China.
Então a criança é a criança, o que a gente só tem que fazer chegar a ela é o brinquedo que ela gosta, o brinquedo que a encanta e nós temos uma coleção de quatro mil e setecentos tipos diferentes de brinquedos com renovação de vinte e cinco por cento todo ano jogar fora o anterior e bota novo. É uma ebulição de novidade que poucos países têm. A gente tem ainda uma não deficiência, mas podia melhorar na quantidade de criadores de brinquedo.

REVISTA BRINCAR: Designers.

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): Os designers, isso é um tema que podia estar mais presente, mas ele é crescente a cada dia. Eu vejo com muita simpatia e possibilidade desses visitantes internacionais darem grandes pedidos ao Brasil. Eu estou nesse momento, por exemplo, com um dos grandes atores da melhor coleção do momento na Europa, tentando que eu encontre para ele um fabricante no Brasil, por um certo brinquedo, um certo carrinho. E ele procurou diretamente o presidente da ABRINQ, porque certamente tentou ah outras opções e acabou não acontecendo no Vietnã. Não aconteceu em território chinês, enfim está procurando. isso tá acontecendo diariamente, todas as nossas maiores empresas têm sido procuradas e abordadas por atores internacionais. Em Nova Iorque esses dias uma abordagem muito ostensiva de chegar e dizer, olha cara, encontra um cara pra fazer pra mim, porque não dá mais pra confiar no chinês, o governo chinês não deixa, não quer a fábrica tá cansada, não tem troca de geração, porque os mesmos problemas que nós temos no Brasil, do ambiente geracional, é a mesma coisa pra qualquer chinês também o criador da fábrica ficou velho, o filho não quer maioria dos filhos de ricos da China moram nos Estados Unidos ou na Europa. Há uma mudança muito grande. E o negócio de brinquedo está sendo refeito, reconstruído ah há um refazimento do jeito de fazer brinquedo e quem é que cuida do no mundo e no Brasil inclusive.

REVISTA BRINCAR: Agora concluindo a questão é com relação ao varejo. No momento atual qual é a relação da ABRINQ com o varejo, seja ele representado pela Associação de Lojistas de Brinquedos do Brasil, que você teve lá na reunião deles, seja com o principal player, em termos principalmente de número de lojas, que é o grupo Ri Happy. Qual é a relação dos fabricantes com o varejo nesse momento?

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): A relação de verdade ela é muito íntima, ela é próxima, eu diria que o setor de brinquedos tem das melhores relações com os seus lojistas do que muitos outros setores. É próxima a gente fala diretamente, não tem estresse, a gente pode ter dificuldade um ou outro associado meu tem uma dificuldade no debate comercial, mas na relação é próxima. E vem jantar em casa e as coisas andam é porque o mundo do brinquedo ele só funciona com bons produtos e boa amizade. Ele não é um negócio que você aperta o botão compra ele não quer nem ver quem fez. Esse modelo terminou, ele não funcionou aqui. É como por exemplo, não dá para ter um autosserviço e acho que uma das razões da quebra da Toys’R’US nos Estados Unidos, há alguns anos atrás foi porque era um autosserviço. A pessoa entrava na loja saia procurando o que comprar. Ninguém para ajudar e tal, para então auxiliar. No Brasil não. Você entra numa loja de brinquedo e está lá aquele vendedor que já conversou com o fabricante. Alguém já o abordou para ensinar, ou seja, é muito bacana essa relação. E a relação com os chamados donos ou CEOs e tudo, a gente tem dificuldade zero. Estamos aguardando aí o novo CEO da Americanas, certamente a gente vai se apresentar para ele. Já sabemos que é um novo modelo de negócios que ele vai fazer, ou seja, a gente está bem antenado para que as coisas deem certo, visitamos loja, a gente opina aí, dá palpite e recebe ‘inputs’. É muito boa a relação do brinquedo.
O que a gente faz na ABRINQ é que eu não me meto em coisas comerciais, então, eu só estou no institucional.

REVISTA BRINCAR: Entendi.

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): O comercial é de cada um, a ABRINQ que não vai se meter nisso. Agora, a manutenção do ambiente da relação política com as pessoas, e de trazer todo mundo para junto, você mencionou a ALBB, Ri Happy, eu adiciono as Lojas Americanas, essa gente toda é muito próxima da gente, inclusive vai haver agora em novembro um super encontro de todos os lojistas membros da ALBB. A gente vai se encontrar para fazer uma conversa sobre futuro. Ou seja, como a gente fala em Goiás, né? Quem ‘coçou, uncotô, proncovô’.

REVISTA BRINCAR: Nossa! Traduz isso aí.

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): Então eu não sei, não tem muito ‘stress’ nessa relação, ela é difícil na hora de se sentar na mesa para assinar o pedido, mas de verdade, a relação é boa.

REVISTA BRINCAR: Está bem. Você falou no início da nossa conversa o mercado de brinquedos na temporada, vinte, vinte e dois, tem a perspectiva de crescer dois dígitos. Onze por cento foi o que você mencionou. E agora falando especificamente dessa data, que é magna para o mercado e que se aproxima. Qual é a expectativa em termos de números para o mercado no dia das crianças?

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): Esse Dia da Criança de vinte e dois, seguramente será quinze por cento maior que semana da criança de vinte e um.

REVISTA BRINCAR: Quinze por cento? Bem otimista!

SYNÉSIO B. COSTA (ABRINQ): E vamos lembrar que o Dia da Criança é trinta e cinco por cento das vendas do ano. Então, o Dia da Criança tem que pagar toda conta de janeiro até outubro. E o Natal tem que pagar novembro, dezembro. Então a aposta toda do ‘business’ brinquedo é nessas duas datas. É claro que a gente tem cento e cinquenta mil aniversários de meninos e meninas todo dia. Mas não é toda a família que faz festa. Não é toda criança que ganha muitos brinquedos no dia do seu aniversário, na festinha da escola, mas a família brasileira todo dia compra brinquedos para cento e cinquenta mil meninos e meninas que completam aniversário.
REVISTA BRINCAR: Bem, seria isso então, muito obrigado!

NR: A presente entrevista foi realizada no dia 30/09/2022, portanto antes do 1º. Turno das eleições no Brasil, em 2022.

 
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